UM CASO RARO DE ARTRITE SÉPTICA DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

CONHEÇA O CASO DO SR. ANTÓNIO DE LEIRIA, UM CASO RARO DE ARTRITE SÉPTICA DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

POR INSTITUTO PORTUGUÊS DA FACE

Todos os casos complexos desafiam-nos como médicos e profissionais de saúde. Para proporcionar o melhor tratamento aos doentes, é essencial termos uma equipa multidisciplinar que nos permite discutir os casos com diferentes abordagens possíveis, com uma análise ponderada entre riscos e benefícios para o doente.


Vou apresentar-vos o caso clínico do Sr. António Lagoa! Este doente foi-me enviado por um colega para o Instituto Português da Face, por se tratar de um problema complexo, que se arrastava já há alguns meses. O doente vinha com muita dor na zona do ouvido direito, acompanhada de edema e sensação de calor. Havia história de secreções intensas do ouvido com múltiplos ciclos de antibioterapia, sem a eficácia desejada.

Um caso raro de Artrite Séptica da Articulação Temporomandibular

Figura 1. Fotografia frontal do doente, onde se observa edema da zona pré-auricular, com calor e rubor, acompanhada de artralgia da ATM direita.

Quando chegou à consulta, o Sr. António vinha acompanhado da sua família, e percebi que havia uma grande preocupação com a evolução clínica. Após uma história médica cuidada e observação do doente, pareceu-me ser um caso de artrite da ATM direita (Fig. 1). O Sr. António trazia alguns exames complementares de diagnóstico (TC e RM). Quando vi os exames fiquei mais convencido de ser uma artrite séptica da articulação temporomandibular. Tive dúvidas em assumir imediatamente o diagnóstico porque é uma entidade que raramente envolve a articulação temporomandibular (ATM). Na minha experiência clínica, nunca tinha visto nenhum caso, apenas tinha lido alguns artigos científicos com casos parecidos ao do Sr. António. Fiquei também preocupado porque nas imagens da TC havia uma grande destruição da ATM direita. (Fig. 2)

Um caso raro de Artrite Séptica da Articulação Temporomandibular

Figura 2. Tomografia computadorizada da ATM direita, com avançada destruição do côndilo mandibular.

Sinceramente, tive dúvidas em relação à melhor forma de comunicar esta minha suspeita à família. Tentei ser o mais direto possível, mas otimista quanto ao prognóstico (embora não tivesse ainda seguro da melhor opção terapêutica). Falei com a família que queria discutir com alguns colegas o caso, porque era uma situação complexa, no entanto avancei logo que seria um tratamento cirúrgico. Nesse mesmo final de dia, discuti o caso com os meus colegas da Sociedade Europeia de Cirurgiões da ATM e com dois colegas da Sociedade Americana, mesmo assim não houve um consenso geral. Por me sentir confortável com as técnicas minimamente invasivas, achei que era melhor para o doente avançarmos com uma artroscopia da ATM. O meu objetivo com esta técnica era realizar uma colheita de líquido articular para diagnosticar o microorganismo responsável pela artrite e lavar abundantemente a ATM, para reduzir a carga bacteriana. Por se tratar de um processo avançado tive de fazer algumas biópsias intra-articulares e o aspecto da ATM era de tal forma avançado que cheguei a pensar numa infeção por Mycobacterium tuberculosis, o que não se confirmou. Sendo o resultado da microbiologia da biópsia positivo para Pseudomonas aeruginosa. O antibiograma mostrava que este microorganismo era sensível ao antibiótico amicacina, de modo que ajustamos a antibioterapia neste sentido.

Um caso raro de Artrite Séptica da Articulação Temporomandibular

Figura 3. Resultado da microbiologia da articulação temporomandibular direita.

A evolução foi notável e o doente estabilizou a nível clínico e analítico. Com um trabalho de equipa, onde estiveram envolvidos vários colegas de diferentes especialidades:

  • Otorrinolaringologia;
  • Medicina Interna;
  • Infecciologia;
  • Imagiologia;
  • Neuroradiologia;
  • Equipa de reabilitação do Instituto Português da Face;


Conseguimos devolver saúde, sorrisos e boa disposição ao Sr. António de Leiria.

Um caso raro de Artrite Séptica da Articulação Temporomandibular

Figura 4. Fotografia do pré e pós tratamento onde se observa uma abertura da boca indolor e uma redução significativa do edema pré auricular.

Um caso raro de Artrite Séptica da Articulação Temporomandibular

Figura 5. Fotografia informal 1 mês após o tratamento, reveladora da satisfação do doente com o tratamento.

Por fim, resta-me agradecer ao Sr. António e à sua simpática família, por terem confiado em mim. Agradecer também a todos os colegas envolvidos no caso e à minha equipa do Instituto Português da Face que dá o seu melhor todos os dias, para que os doentes se sintam bem.

Por Diogo Vilarinho 16 de janeiro de 2025
Tumores da Parótida A glândula parotídea é a maior de todas as glândulas salivares, sendo a mais frequentemente atingida por tumores. Destes, cerca de 80%, são tumores benignos, com os restantes 20% de natureza maligna. Estes tumores na maioria das vezes apresentam-se como massas indolores, de crescimento progressivo e sem outros sintomas associados. O tipo de tumor mais frequente da parótida é um tumor benigno, denominado de adenoma pleomórfico. Apesar de se tratar de um tumor benigno, apresenta um risco de malignização de 1.5% nos primeiros 5 anos, sendo que em tumores com mais de 15 anos de evolução o risco de transformação maligna pode ser superior a 10%. Além do tempo de evolução da doença, existem outros factores de risco importantes como sejam: a idade avançada do doente; ter realizado radioterapia na região do pescoço e da cabeça; tumor de grandes dimensões ou recorrentes. O tratamento de eleição para estes tumores é a cirurgia, com a excisão completa do mesmo. Trata-se de uma cirurgia extremamente delicada e que consiste na separação do tumor do restante tecido saudável, com preservação do nervo facial, o nervo responsável pela mobilidade da face. Tenho um tumor, será que preciso de ser operado(a)? Um estudo recentemente publicado tentou perceber qual o melhor tratamento para os tumores da parótida. Para tal, os autores compararam duas opções de tratamento: cirurgia versus observação/vigilância. Ponderaram os riscos de transformação maligna do tumor e o risco de complicações da cirurgia e anestesia. Chegaram às seguintes conclusões: – abaixo dos 70 anos a cirurgia apresenta menos riscos, sendo o procedimentos de eleição; – entre os 70 e os 80 anos, ambas as condutas apresentam o mesmo benefício; – acima dos 83 anos a opção de vigilância/observação era a mais favorável. Este estudo apresenta contudo algumas questões: – apenas diz respeito a um tipo de tumor da parótida, não se aplicando a todos os outros; – a idade real/cronológica muitas vezes não reflecte o estado geral do indivíduo, devendo ter-se em linha de conta os antecedentes da pessoa e as doenças que apresenta; – o estudo apenas considerou que a indicação para a cirurgia é pelo risco de transformação maligna, mas existem outras indicações, como sejam a deformação facial, o stress/preocupação causado pela presença de um tumor, por exemplo. Estes aspectos não foram equacionados nesta análise. Dr. Tiago Costa
Por Carlos Pereira 7 de janeiro de 2025
Envelhecimento da voz O envelhecimento da voz, ou presbifonia, é um processo fisiológico que está relacionado com alterações normais que ocorrem ao nível da mucosa, músculos, cartilagens e articulações. As principais queixas são: – uma voz mais instável, fraca, mais rouca ou soprosa; – diminuição da capacidade de controlar as alterações da frequência e da intensidade; – cansaço fácil quando fala por longos períodos; – quebras na fala; – tensão muscular na região cervical. Estes sintomas habitualmente agravam ao longo do dia, variando o impacto de acordo com as exigências sociais e profissionais de cada indivíduo. Como pode melhorar da sua voz? A abordagem inicial passa por realização de terapia da fala e pela adoção de medidas simples, nomeadamente: aumento da hidratação; não fumar; não pigarrear e reduzir tensão muscular da laringe e da região cervical com exercícios de relaxamento/massagens. A intervenção cirúrgica mais frequentemente associada à melhoria da qualidade vocal, é a injeção de ácido hialurónico nas cordas vocais (à semelhança do que é utilizado para correção de rugas). Trata-se de um procedimento simples e rápido que permite recuperar a qualidade da sua voz e corrigir parte dos problemas. Pode ainda optar-se pela injecção de outras substâncias como hidroxiapatite de cálcio ou ainda gordura, para aumentar a duração do tratamento.
Por Lara Faria 18 de dezembro de 2024
O cancro da língua é um tipo de cancro da cabeça e do pescoço, que é o 6º cancro mais comum no mundo. Este tipo de cancro pode afectar qualquer tipo de pessoa, sendo que na maioria dos casos ocorre em associação com o consumo de álcool e tabaco. Outro factor de risco para o desenvolvimento deste cancro é a infecção por HPV.
Mais Posts

MARQUE JÁ A SUA CONSULTA

AGENDE A SUA CONSULTA
Share by: